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Agricultores do Estado do Rio de Janeiro

Para escrevermos este livro utilizamos como metodologia a história oral, que utiliza a gravação de entrevistas de caráter histórico e documental com testemunhas de acontecimentos, conjunturas, movimentos e instituições, entendendo a narrativa como uma fonte histórica que fornece subsídios para se conhecer o passado. Desta forma obtivemos informações que não estão em arquivos e valorizamos as representações dos fatos e a relação destes com o presente. A lembrança não é um processo uniforme entre os indivíduos, pois cada um recorda acontecimentos das mais variadas formas e isso depende da importância da experiência vivida na vida da pessoa, e mesmo assim, nem sempre nos lembramos de tudo que foi importante, conforme nos aponta Thompson (A voz do passado: história oral do Rio de Janeiro/ Paz e terra, 1992: 153) o processo de memória depende, pois, não só da capacidade de compreensão do indivíduo, mas também de seu interesse. Assim, é muito mais provável que uma lembrança seja precisa quando corresponde um interesse e necessidade social.A feitura deste livro valorizou as pessoas como testemunhas do passado, valorizando a memória dos sujeitos. Para Bosi a memória é um trabalho sobre o tempo, mas sempre o tempo vivido, conotado pela cultura e pelo indivíduo, entendendo o tempo como uma construção social, pois cada sociedade vive o tempo de uma maneira, como as classes e consequantemente os indivíduos. Para Thompson (O tempo vivo da memória: ensaios de psicologia social, São Paulo: Atele Editorial, 2003) o valor histórico do passado tem três pontos fortes: fornecer informações significativas sobre o passado; transmitir a consciência individual e coletiva e possibilitar aos que viveram relatarem suas experiências de vida.Durante mais de seis meses realizamos várias entrevistas que revelaram como o passado foi apreendido e interpretado pelos entrevistados, ou seja, não retratou o passado stricto sensu, mas uma versão do passado.Estivemos visitando os moradores inúmeras vezes, vivenciando atividades comunitárias, retornando com o texto transcrito, exibindo as fotografias registradas deste processo.Essa aproximação com os e as agricultores contribuiu para a realização de uma análise dos acontecimentos e conjunturas, valorizando as particularidades dos diferentes sujeitos, cevando em consideração que as formas como cada indivíduo ou grupo interpreta determinado acontecimento, poderia abrir caminhos para entendermos suas ações.As entrevistas foram traduzidas pelos participantes que relataram as situações, momentos, causos e histórias que queriam compartilhar conosco naquele momento. Importante ressaltar que todas as narrativas que se apresentam nesse livro foram conduzidas pelas mulheres, que ocupam um lugar central na vida do campo. As histórias descrevem diversas situações vivenciadas pelas famílias rurais dando ênfase as lembranças que marcaram suas vidas: Jacira fala do tempo antigo, Jordelina relata sobre os partos; Dilma e Rosangela contam sobre a importância da relação com a terra e Lucia nos ensina a fazer broa em forno à lenha. Desta forma contaram a história de mais de dez famílias que vivem nesta região preservando seus costumes, valorizando a vida e semeando o futuro. Sabemos que ainda temos muito a aprender e essa população ainda tem muito para contar. Autores: Claúdio Paolino e Marjorie Botelho

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